Enterro do Entrudo
Foi ontem enterrado na Zambujeira do Mar, acompanhado por vasto séquito, o Entrudo.
Festa já enraizada nas tradições locais, o enterro do Entrudo tem por lema o escárnio e maldizer de todos os que, por um motivo ou outro, foram escolhidos para serem visitados pelo cortejo fúnebre.
Acompanhado pelas inconsoláveis “viúvas” e guiado pelo “padre”, o corpo do Entrudo, com um espasmo provocado pelas carícias das ditas, jorra um último fluido apostado num derradeiro gracejo. É recebido, ou não, pelos visados e as palavras do “padre” ecoam alto, para que todos as possam ouvir, relembrando as partes fracas daqueles a quem são dirigidas.
Novos e velhos assistem e entendem a mensagem, fechando-se assim um ciclo em que a frase “no Carnaval ninguém leva a mal” faz mais sentido. Uma das sátiras mais aplaudidas dizia o seguinte:
“Já morreu o nosso Entrudo/parece que foi à mocada/cagas-te ao grelhador/dizes que é trovoada”